“No Estado Novo, das famílias e das empresas do regime, os pobres, deserdados e iletrados da metrópole e das colónias foram todos gaibéus, comandados por maiorais civis e militares beneficiários da Ditadura e comprometidos com a mesma emposta da miséria, do analfabetismo, da repressão, da tortura, da guerra e do colonialismo. Felizmente, houve capitães, e com eles houve 25 de Abril.” Pastéis de Guerra é um romance incandescente que nasce num ambiente militar, em Bafatá, na Guiné, que envolve um trio de personagens arrebatadoras, símbolo de uma sociedade em fim de regime: Ana Isabel, bela, sedutora, recém-empregada; Paulo Inácio, soldado, marginal, truculento, misógino; Miguel Martins, alferes, licenciado, intelectual, inexperiente. A trama desenrola-se nos lugares e espaços que caracterizam o ruralismo e o urbanismo decadentes do Império, que durante quase 500 anos orientou a vida e a política nacionais: Bafatá, Lisboa, Bragança e Bissau. Os protagonistas representam os estratos sociais abandonados pelo Estado Novo, em favor das famílias e corporações que o defendiam e dele beneficiavam: pobres com empregos miseráveis que se acoitavam nos subúrbios clandestinos e desumanizados das cidades; marginais quase iletrados, nascidos em cafuas inabitáveis suburbanas que abandonavam para fugir à miséria familiar, dormir nos jardins e sobreviver da criminalidade; rurais que rejeitavam as jeiras improficientes do interior e escapavam para as cidades, onde sobreviviam de empregos de fome e ansiavam por educação, universidade e salários que protegessem o mês inteiro. A trama incontrolável explode no último ano da Ditadura, na Guiné em guerra, e tem o epílogo, simbolicamente, no dia 24 de abril de 1974, entre danças autóctones, batuque e fanado, e no dia seguinte, 25 de Abril, entre manifestações de soldados portugueses e população guineense juntos a exigir a independência da Guiné, que foi também de Portugal e das restantes colónias."
Pastéis de Guerra de Nuno Nascimento Martins
11,00 € Preço normal
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